A vestimenta e
indumentárias que uma Entidade espiritual séria usa tem como função expressar,
simbolicamente, uma atividade ou característica do seu trabalho ou da sua
falange, como também ser um instrumento, cuja duplicidade etérica, é usada nos
trabalhos de magia na ajuda aos irmãos a serem socorridos.
Não se trata de
elementos imprescindíveis à mediunização ou atividade de ajuda do Guia ou
Protetor, mas apenas um instrumento a mais que embeleza e instrui a quem busca,
para além da aparência, a mensagem que estas vestimentas ou indumentárias visam
oferecer, dando à Umbanda o seu caráter ritualístico.
A Umbanda é uma
religião que trabalha, e atua no plano físico, através dos seus rituais
litúrgicos, desde o acender de uma vela até aos pontos cantados, riscados e
etc... Ora, as vestimentas são, para nós, objetos litúrgicos, ou seja:
instrumentos que nos levem ao sagrado, como é a capa do Exu, que simboliza seu
poder de proteção e defesa e, ao mesmo tempo, é usada a sua contra parte
etérica nos trabalhos do terreiro, neste mesmo mister. Sem dúvida, tudo isso
dentro do discernimento e amparado pelo afã de, unicamente, realizar o culto
umbandista da forma mais bela, simples e espiritualizante possível. Da mesma
forma como um culto despido de qualquer aparato pode levar ao orgulho e à
ilusão de ser mais espiritualizado que os outros, o culto com uso de
indumentárias litúrgicas poderá levar os desavisados ao exagero, à fantasia, ao
luxo e à vaidade. Tanto uma forma de culto quanto outra não pode ser medida
pelo mau uso feito por aqueles que a praticam, e sim pelo cumprimento de suas
finalidades específicas, a de levar os corações ao altar de Deus, única fonte
de paz e alegria.
Seja qual for a forma
de culto que se use, isso é de menos importância. O importante é sabermos se
esta Casa está cumprindo sua missão de religação, se está proporcionando o
encontro com Deus, por meio de Jesus e Seu Evangelho, ou está aprisionando a
gurus, guias, filosofias ou espírito tal ou tal.
Diz o Caboclo
Ventania de Aruanda que...
“Por trás dos Guias e
Orixás está sempre Jesus agindo”.
Portanto, é preciso “que
eu (médium) diminua e que Ele (Jesus) cresça”, na vida e nos corações de tantos
quantos freqüentem as nossas Casas, sejam elas espíritas Kardecistas, sejam
elas espíritas Umbandistas.
Lembremo-nos que o
padre na igreja usa suas indumentárias (paramentos) e tem seus instrumentos
sagrados, o mesmo ocorre com o rabino no judaísmo, com a maçonaria em suas
lojas, entre os rosacruzes, e etc...
Uma das diferenças
entre a Umbanda e o movimento espírita kardecista é precisamente o uso do
ritual ostensivo. Devemos nos utilizar da filosofia kardecista como chão, base
de nossa fé, mas não podemos querer espiritizar a Umbanda de acordo com os
Centros do movimento puramente espírita kardecista. Por isso a Umbanda é a
Umbanda, e para isso foi criada e implantada no Brasil. Se fosse para ser igual
ao movimento espírita desnecessária seria a vinda do Caboclo das Sete
Encruzilhadas. Se ela estivesse programada para desenvolver seu culto em mesa,
nos moldes do movimento espírita, o mesmo Caboclo não a teria tirado da
Federação Espírita de Niterói e a levado para o Terreiro, com a fundação da
Tenda Nossa Senhora da Piedade, da Tenda São Jorge, da Tenda Nossa Senhora da
Guia, da Tenda São Jerônimo, e etc... A Umbanda foi criada para ser um
movimento, dentro do espiritismo, que se utiliza de meios energéticos naturais
e que possui seus rituais e Orixás.
Três dimensões ou
aspectos vibracionais formam a Umbanda, como religião, que são:
1. Dimensão Mental ou
Tântrica, que se expressa pela mentalização, concentração, prece e canalização
com as Vibrações Sagradas. O Congá, no seu aspecto visual simboliza essa
dimensão Tântrica.
2. Dimensão Astral ou
Mântrica, que vibra no sentimento e eleva o ambiente e as pessoas ao campo da
espiritualidade pura, ajudando e proporcionando a sintonia com o plano
espiritual e o sagrado. No ritual umbandístico, que deve ser de terreiro, os
Cânticos ou Pontos Cantados, o Atabaque, como instrumento litúrgico, como
ocorre com as diversas igrejas e religiões que têm seus instrumentos litúrgicos
próprios, são os símbolos e meios proporcionadores dessa dimensão vibratória.
3. Físico ou Yântrico,
que estabiliza a ritualística e fornece a todos os que adentram aos Templos
Umbandistas os meios psicológicos, através da manifestação das formas, que
induzem à concentração e difusão das energias vibradas no ambiente e nas
pessoas. O próprio Terreiro, como local do culto umbandista, as imagens e
quadros, o ritual das Giras, as formas com as quais se apresentam os Espíritos
Trabalhadores na Umbanda (Caboclos, Pretos Velhos, Crianças e Exus), os pontos
riscados, as indumentárias e instrumentos que eles usam no afã de representar,
simbolizar, tornar visíveis suas missões, ordens e comandos, que se projetam no
campo etérico e astral realizando o que na Umbanda se chama Magia.
Por tudo isso é que a
Umbanda é a Umbanda, com sua beleza própria e com capacidade de religar o homem
com Deus, através de Jesus, nosso Divino Oxalá, por meio de todos esses
instrumentos de culto e dessa doutrina embasada nos valores filo-religiosos
cristãos, kardecistas, afro, ameríndio e oriental.
Que Jesus, nosso
Divino Oxalá, nos abençoe.
Pai
Valdo (Sacerdote Dirigente do T. E. do Cruzeiro da Luz)
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