Saravá Umbanda!

Cada religião, embora conserve o princípio vital de sua razão de ser, que é Deus, tem sua tendência, pois muitos são os caminhos que conduzem à verdade.

Se religião quer dizer unir mais estreitamente para estabelecer mais força com o que procuram os homens vencer os imperativos da matéria na sua marcha ascensional, no objetivo da espiritualidade; ou se foram formadas as religiões para voltar a ligar os elementos dispersos ou que se divorciaram de um ideal porque se desiludiram ou porque sua sensibilidade criou um obstáculo - essa divergência ainda assim se impõe aos mestres espirituais, aos dirigentes responsáveis pela obra, que sejam por eles determinadas as diretrizes que devem norteá-las, para que se estabeleça a finalidade, senão a identidade entre o ideal e seus seguidores.

Foi por isso, naturalmente, que surgiram muitas religiões, de modo a propiciar aos seres humanos os meios de que necessitam para alcançarem o objetivo que é a evolução e a espiritualidade.

Dentro desse princípio cada religião de acordo com o âmbito de sua influência, orienta sua ação social no campo mais propício a atender suas finalidades.

Assim uns enclinam-se para a mística aproveitando a tendência religiosa do grupo, desenvolvendo o culto religioso propriamente dito, outras se atiram à evangelização das massas amorfas, outras ainda se dedicam ao campo social, seja cultivando o sentido da caridade direta ou indiretamente, seja no campo da educação ou da recuperação de tresloucados.

A religião de Umbanda, tendo sido determinada pelos mentores superiores do planeta para atuar na última parte de seu ciclo evolucional, que de fato está prestes a ser encerrado, teria; entretanto, de abranger um estado mais universal, isto é, de agir em todos os sentidos que anteriormente serviam para discriminar, de modo a reunir todas as linhas de que se formaram com a multiplicidade das religiões, de que resultará uma convergência ideal para a mesma estrada, a qual conduzirá a humanidade até o final desse ciclo.

Para tanto a Umbanda recupera os que provindo de outras religiões, delas se divirciaram pelo conhecimento de verdades não admitidas ou não percebidas; luta pelo desbravamento da massa disforme ou descrente. Para tanto tem seu culto, sua liturgia e ritual bastante sugestivos e atraentes.

No campo social cuida da matéria, orienta os problemas sociais, ampara e encoraja, pratica a caridade em todas as suas modalidades, educa a crença através de orfanatos e escolas, recupera os que se deixaram envolver pelas paixões ou desenganos, prega a fraternidade universal acima e à margem da tendência ou da convicção dos que a procuram sedentos de amor e de justiça. Enfim, cultua o amor, o desapego, o altruismo e a prática do bem, porque são virtudes e não por um temor à um Deus vingativo e cruel.

No campo filosófico emancipou-se de dogmas ilógicos ou incoerentes, procurando eliminar preconceitos que entravam a conservação da mística religiosa nas de mais religiões.

No campo da moral mantém com serenidade o sentido puro da moral pregada pelos evangelhos do Cristo.

Finalmente, diante da fragilidade humana, da vaidade dos antigos e modernos sacerdotes de todas as religiões, ficou estabelecido o sistema de sacerdotes espirituais que outra não é a significação da presença dos Guias Espirituais, passando os médiuns ou aparelhos a instrumentos passivos ao invés dos soberbos sacerdotes, envaidecidos pelo uso desmedido da boa mesa e dos prazeres materiais.

Mantido esse equilíbrio é fora de dúvida que à religião de Umbanda está reservado o papel preponderante no futuro da espiritualidade do planeta em que habitamos.

Portanto, Saravá Umbanda!

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Nota de Fátima Damas: Essa matéria foi transcrita do Jornal de Umbanda, de setembro de 1954. Podemos perceber que os problemas que hoje passamos, já eram sentidos há 57 anos. Precisamos mudar o quanto antes.