Revelando a
Cultura Cigana
Sempre presente em romances épicos, seja na pele
do amante sedutor que leva a mocinha à transgressão ou como o vilão ladrão, o
cigano é uma figura que nos chama a atenção por seus gestos, seus costumes, sua
atitude, sua dança, sua esperteza. O povo cigano nos traz muitos ensinamentos e
mensagens, que vão além dos limitados estereótipos que se espalham por livros,
filmes e lendas em geral. Essa semana convido nossos leitores a conhecer um
pouco da cultura cigana, seus princípios, símbolos e lendas.
A história dos ciganos é milenar. Não há
documentos ou registros escritos sobre sua origem, mas a principal hipótese é
de que os primeiros grupos ciganos vieram da Índia antiga e disseminaram-se
pela Europa, principalmente na Espanha, o que explica a forte influência da
dança e da música e também das roupas de cores fortes como o vermelho, em sua
tradição. Há também muitas famílias ciganas que se formaram pela América
Latina. Dessa vez foram as influências indígenas que contribuíram para o
enriquecimento do mundo místico cigano. Nem mesmo o idioma universal dos
ciganos, o Romani (ou Rumanez), possui linguagem escrita. Tudo é passado de pai
para filho, transmitido oralmente.
A forma peculiar de negociar e as expressões
maliciosas dos ciganos são apenas características inerentes à sua cultura, pelo
modo como vivem. Os ciganos começaram a desbravar-se mundo a fora porque não
eram aceitos em algumas civilizações. Como sua premissa é de paz, procuravam
não ater-se em lutas e mudavam de lar quando não eram bem recebidos em uma
região ou quando percebiam que a mesma não trazia energias positivas. Sempre em
busca de riqueza, o povo cigano tem como princípio fundamental a troca. Os
líderes ciganos ofereciam seus serviços, as cartomantes liam as mãos e jogavam
suas cartas, os casais mostravam sua dança, os artesãos vendiam suas
ferramentas - tudo em troca do ouro. Talvez o jeito como eles realizavam essas
negociações, o profundo interesse em consegui-las, com os olhos brilhantes e
longos, o sorriso duvidoso e a ansiedade de seus trejeitos corporais os tenha
custado o título de charlatões.
A família é elemento principal na vida de um
cigano. Nos clãs, como são chamados os grupos de famílias ciganas, os componentes
seguem à risca as tradições e deveres que lhes são atribuídos. O casamento e o
batizado são as principais celebrações nos acampamentos ciganos. Para o
casamento, especificamente, são reservados três dias de festa, cultivando a
característica cigana de valorizar a união, o amor entre os próximos e a busca
por viver com muita alegria.
A crença na reencarnação e em Deus Pai e absoluto
mostra um pouco do lado espiritual forte dos ciganos. Têm como Padroeira
Universal Santa Sara Kali, a única santa cigana no mundo.
A magia dos ciganos é baseada no poder da
natureza. Na mãe-Natureza estão todos os elementos que formam a força da
intuição das cartomantes ciganas e dos líderes ciganos. Em todo ritual é
preciso que os quatro principais elementos da natureza estejam presentes. Os
símbolos usados são o incenso (ar), o cálice de água (água), a vela acesa (o
fogo) e os cristais (terra). Em comemorações e oferendas também estão presentes
o vinho, simbolizando o sangue de Cristo, as frutas, os pães (trigo) e o arroz
cru, trazendo fartura e prosperidade e as moedas, para atrair riqueza. A
fogueira (o fogo) é acesa para purificar o ambiente. Ao olhar as chamas e
mentalizar, espíritos benignos são invocados, livrando os sentimentos ruins.
A magia cigana oferece uma sabedoria plena, de
contato direto com a natureza, proporcionando sempre bons fluidos a quem
procura conhecê-la melhor. Podemos extrair grandes lições a partir do estilo de
vida cigano. A elevação de nosso espírito por meio da aproximação com os
elementos da natureza é a principal delas.
Ao visitar uma floresta ou ao fazer uma trilha,
ore. Abrace uma arvore. Respire fundo. Sinta as vibrações positivas do ar puro.
Ofereça algumas moedas aos espíritos ciganos e peça iluminação para que possa
escolher sempre os melhores caminhos em sua vida e forças para que possa
enfrentar todos os obstáculos que o aflijam – nunca peça algo a um espírito
cigano sem oferecer nada em troca, nem leve nada da natureza sem antes pedir
permissão.
Inspire-se sempre que entrar em contato com a
natureza. Reserve alguns minutos para você mesmo e mentalize pensamentos
positivos. Seja no mar, na cachoeira, nas pedras, na estrada de terra. Agradeça
a tudo que tens, sejam os bens materiais, seja o amor das pessoas que o
rodeiam. Encha os pulmões de ar e deixe entrar as energias positivas. A
sensação de bem-estar será a recompensa daquele momento de paz com seu
interior.
Nós, gajes (não-ciganos), também podemos e devemos
nos proteger. A fé é o principio para a proteção de uma alma. Os ciganos, acima
de tudo, respeitam todas as crenças e religiões, pois acreditam que todos os
caminhos levam a Deus.
Por Erika Laun
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